Bruno Yutaka Saito, Valor
"O que Eu Mais Desejo", filme do
cineasta japonês Hirokazu Koreeda que estreia amanhã no Brasil, poderia servir
como guia de reposicionamento para quem pratica o merchandising ostensivo.
Encomendado pela companhia local de estrada de ferro, o longa-metragem
inicialmente deveria ser centrado na nova linha de trem-bala de Kyushu, uma das
ilhas que formam o Japão. Para sorte do público, o que se vê nas telas é uma
obra sobre questões mais amplas e árduas, como solidão, abandono e esperança,
que se insere conceitualmente na filmografia do diretor.
"O que Eu Mais Desejo" retrata
dois garotos, Koichi e Ryunosuke, cujos pais recentemente se separaram. Eles
vivem literalmente em extremos: o primeiro tem um dia a dia calmo, quase
tedioso, ao lado da mãe e da avó no sul do país; o segundo, que mora ao norte,
tem uma vida agitada e boêmia com o pai, músico de rock. É aí que o cineasta
consegue contar sua história sem deixar o patrocinador na mão.
Quando descobrem que uma linha de trem-bala
irá unir as duas regiões, as crianças começam a praticar um dos esportes
prediletos da idade: criar histórias mágicas. Para eles, a energia liberada
pelos trens em alta velocidade será tamanha que bastará pensar em um desejo
para que ele seja realizado. O que Koichi, garoto de 12 anos, mais quer é que a
família volte a morar junto.”
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