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Zuza Homem de Mello, Valor
Desde os espetáculos de teatro de revista
no Teatro Santana da rua 24 de Maio ou na sala vermelha do Odeon à rua da
Consolação, ambos em São
Paulo, desde os musicais da Broadway ("My Fair
Lady", "West Side Story", "No Strings", "Bells
Are Ringing", "Jamaica", com elencos originais nos anos 1950),
entre dezenas de outros inéditos ou revivals montados em New York e Londres nas
décadas seguintes, desde as primeiras montagens essencialmente brasileiras em
torno da vida de cantores como Carmen Miranda, Dalva de Oliveira, irmãs Batista
ou Orlando Silva, não me lembro de recepção tão radiante como a da plateia para
"Tim Maia - Vale Tudo, o Musical".
Uma consagração. Não tenho dúvida de que em
cada sessão, independentemente do dia e horário, o misto de aplausos e gritos
de alegria se repete com a mesma intensidade no Teatro Procópio Ferreira. O
público delira, viaja, sobrevoa em nuvens. É um marco nos musicais brasileiros,
os não transplantados do exterior, como foi o pioneiro e maravilhoso "My
Fair Lady" com Bibi Ferreira, nos anos 1960.
Como tema originalmente brasileiro, nada se
compara a Tim Maia (1942-1998). O roteiro tem a virtude de não pender demais
para o fantasioso ou demais para a realidade do fato - grande dilema de um
espetáculo biográfico. A ideia de entregar a narrativa a diferentes personagens
é uma solução que mantém a dinâmica do espetáculo, evitando tanto a
previsibilidade como a monotonia. Alguns dos personagens são definidos por
inteiro com uma simples frase: "Eu sou f...". Essa era Elis. Tal
capacidade de síntese só é atingida pela familiaridade que o autor do texto,
Nelson Motta, tem com os personagens, com quem conviveu, imprimindo a cada um a
possibilidade de ser caricaturado em seus traços mais marcantes, chegando ao
hilário sem resvalar no inconveniente. Caso do Roberto Carlos com sua voz
anasalada. Em suma, o primeiro dado positivo desse musical é o texto de Motta
com a narrativa que consegue cobrir toda a existência de Tim Maia com tiradas
espirituosas e, acima de tudo, intrinsecamente brasileiras.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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