Elton Alisson, Agência FAPESP
Enquanto em outros sambas clássicos e marchinhas de carnaval de compositores contemporâneos e parceiros de Noel Rosa, como Braguinha (1907-2006) e Lamartine Babo (1904-1963), as agruras da vida são tratadas em tom de deboche, nas canções do Noel Rosa, o “poeta de Vila Isabel”, a falta de trabalho e dinheiro ou as dores do amor despertam um riso que ao mesmo tempo é a expressão de uma dor. São músicas com uma carga de autoironia que sugere desprezo pelos valores dominantes na sociedade da época, com um resquício de amargura.
As marcas e o legado da obra de um dos maiores e mais importantes compositores da música brasileira são analisadas no livro Noel Rosa – o humor na canção, lançado no início de maio com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações.
Resultado de um trabalho de doutorado realizado por Mayra Pinto na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), com Bolsa da FAPESP, o livro aborda como a obra de Noel Rosa é calcada em um tipo de autoironia que até então não havia nas canções populares.
“O eixo da obra de Noel é uma figura ambígua o tempo todo, que diz sem dizer, que brinca de dizer”, disse Mayra, autora da pesquisa e do livro à Agência FAPESP.
“Ele se apropriou da ginga do malandro, no sentido filosófico, e criou o personagem de um sambista frágil e vagabundo, sem forças, dinheiro e reconhecimento que, por outro lado, é capaz de criticar, colocar o dedo na ferida e dizer que não está interessado nos valores dominantes do trabalho, da moral e outros, da sociedade”, disse."
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