Cidade de Deus, dez anos depois

Entre a polícia e o bando de Zé Pequeno, o jovem Buscap


Beatriz Mendes,  CartaCapital

“Fugindo de um grupo de homens fortemente armados, uma galinha corre pelas ruas estreitas de uma favela. Buscapé, um jovem comum que sonha em ser fotógrafo, recebe a ordem do líder do bando para que capture a ave. Camburões da polícia militar adentram o local. Menino e galinha se vêem acuados em meio a um tiroteio: mais uma vez o cerco estava fechado na Cidade de Deus.

Nessa quinta-feira 30 faz exatos dez anos da estréia do filme de Fernando Meirelles e Katia Lund. E se a antológica “fuga da galinha” ainda persiste no imaginário nacional, não é somente essa cena que faz de Cidade de Deus uma produção memorável.  Em poucas semanas depois de seu lançamento, mais de três milhões de espectadores foram levados às salas de cinema brasileiras. A temática do filme e a técnica utilizada pelos diretores agradaram crítica e público, fazendo dele uma referência cultural, social e política no País.

“É um filme que mudou a história do nosso cinema. Isso é um fato”, acredita André Gatti, professor da faculdade de cinema da Fundação Armando Álvares Penteado, de São Paulo. “Foram vários investimentos de ordem técnica e a questão da dramaturgia. Foi um filme muito bem elaborado do ponto de vista da concepção do projeto, algo que é incomum no Brasil porque custa muito e demanda tempo”, explica.

De acordo com ele, grande parte da importância do Cidade de Deus se deve à sua pós-produção. “Pela primeira vez um filme de longa-metragem passou por um processo de pós-produção, algo que só era comum na publicidade. Até então isso nunca tinha sido feito, até porque uma coisa é você fazer uma peça de pouco mais de 30 segundos, outra é fazer um longa-metragem de mais de duas horas”, afirma o professor.”
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