A saga continua.
Uma e Pattinson,
como um vampiro do
século XIX
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Orlando Margarido, CartaCapital
Declan Donnellan e Nick Ormerod
Confirmada a celebridade instantânea com a
saga Crepúsculo, resta agora
a Robert Pattinson se esforçar e fazer crer um ator longe das fantasias
juvenis. Bel Ami – O Sedutor, estreia
desta sexta 3, parece ser a tentativa mais bem consumada até agora, ainda que o
formato desta adaptação de romance de Guy de Maupassant se preserve de
ousadias. Apresentar o protagonista em partido menos glamouroso não é por certo
o mais relevante numa literatura marcada pela pegada psicológica e crítica de
costumes. Mas há certa ironia, seguramente pensada pelos diretores Declan
Donnellan e Nick Ormerod, em resgatar uma espécie de vampiro da Paris do século
XIX.
Georges Duroy seria esse sanguessuga
disposto a tudo para ascender econômica e socialmente a partir da boa vontade
de mulheres ricas em troca de favores que já imaginamos. Assim, Duroy, filho de
camponeses e soldado entregue a veleidades na escrita que lhe garantem uma
crônica de jornal, pula de cama em cama de madames balzaquianas (Christina
Ricci) ou maduras (Uma Thurman, Kristin Scott Thomas). A teia de mal entendidos
e intrigas poderia supor uma conotação de análise social como a de outro
francês, Choderlos de Laclos, cuja obra As
Ligações Perigosas rendeu bons préstimos ao cinema. Não é o caso
aqui, quando não raro se avista um humor popular que talvez divirta pela nossa
tradição cômica. A Pattinson deve contar pontos numa carreira em busca de aval,
já concedido por David Cronenberg, por exemplo, que o requisitou como um
vampiro moderno das finanças em Cosmópolis.
Pensando bem, a saga continua.”
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