Agência Brasil
O documentário é resultado de três anos de
registros visuais da cineasta e da antropóloga Carolina Césari. Elas
pesquisaram 58 locações em cinco estados (Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais,
Pernambuco e Alagoas) e levantaram mais de 300 documentos iconográficos do
acervo do Arquivo Nacional. “A pesquisa começou no ano de 1602, com o
surgimento do Quilombo dos Palmares e vai até 2011, com a morte, aos 92 anos de
idade, do mestre João Pequeno de Pastinha”, disse Carem.
Durante as gravações, elas identificaram
quatro movimentos marcantes no processo de sedimentação da capoeira no contexto
social brasileiro: origem à diáspora, que abrange as mudanças ocorridas entre
os séculos 16 e 18; marginalização e perseguição, do século 18 ao século 20;
folclorização e institucionalização, séculos 20 e 21; e globalização e projetos
sociais, que corre a partir do século 21.
Segundo a diretora, há 100 anos a capoeira
foi considerada uma atividade criminosa, chegando a ser incluída no Artigo 402
do Código Penal de 1890, que tratava dos vadios e capoeiras. A arte passou por
diversos movimentos até ser transformada em símbolo dos movimentos de
resistência sociocultural. “A capoeira é hoje um instrumento de paz no mundo”,
disse Carem.
Sobre o reconhecimento da importância da
capoeira nas últimas décadas, a antropóloga Carolina declarou que “muitas vezes
as pessoas da comunidade não valorizam seus mestres, considerando-os de pouco
valor cultural”. Atualmente, segundo ela, “os estrangeiros entendem mais a
representatividade cultural da capoeira para a construção da identidade
brasileira, e por isso decidimos fazer esse filme. A ideia é mostrar a
importância dos saberes populares para ampliar o seu valor simbólico para essas
pessoas”.
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