Não foi desta vez.
Marcos Palmeira é Cazuza,
ex-defunto / Estevam
Avellar / Tv Globo
|
“É na extraordinária intuição de Dias Gomes
que reside a sedução de Saramandaia. Por Nirlando Beirão
“Saramandaia
é o que Gabriel García Márquez adoraria fazer se, em vez de obras-primas,
tivesse optado por escrever novelas. As hipérboles, as paródias, as metáforas,
todo o arsenal de recursos estilísticos capaz de impregnar de estranhamento as
fabulações típicas do realismo mágico percorrem, sem parcimônia, a narrativa de
Saramandaia.
Não
por acaso, a versão original, assinada por Dias Gomes, é de 1976, momento exato
em que o mundo estendia o tapete de seu assombro por autores como Juan Rulfo,
Alejo Carpentier, Manuel Scorza e o próprio García Márquez. O revival de
Saramandaia, agora escrita por Ricardo Linhares, consegue conservar, no
timbre da sátira, o ambíguo encantamento das citações à clef mescladas com a
mais deslavada fantasia.
Mais
enxuta (um terço dos 160 capítulos originais) e desterrada para horário tardio,
Saramandaia 2013 recorre a manifestações, comícios, caras-pintadas e
megafones idealistas para forçar identidade aggiornata, intoxicada pela
voz das ruas que convida à ação cidadã os inertes sofás da tevê. A novela nem
precisava de tal recurso.
O remake, impecável na exploração de recursos
tecnológicos, recorre a momentos Fellini e cita a abertura de Kaos, dos
irmãos Taviani. No entanto, é na extraordinária intuição de Dias Gomes que
reside a sedução de Saramandaia – ainda que se avise que a atual versão
é “livremente inspirada” no original.
O
padroeiro da cidade chama-se Santo Dias e a imagem é a cara do novelista. É uma homenagem bonitinha.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário