Elaine Patricia Cruz, Agência Brasil
“Criado durante a ditadura militar como
forma de demonstrar a insatisfação de vários artistas com o regime, o Salão
Internacional de Humor de Piracicaba completa 40 anos. O salão surgiu em 1974,
por iniciativa de um grupo de piracicabanos apoiado por grandes nomes do humor
nacional tais como Millôr Fernandes, Jaguar, Henfil e Ziraldo, entre outros, e
continua como um espaço de reflexão, de revelação de talentos e como uma grande
vitrine para os profissionais do cartum, das charges e do humor brasileiro e
mundial.
“O salão é um evento cultural muito
conhecido no Brasil e no exterior. Ele tem uma história muito rica e
importante, relacionado, inclusive, à redemocratização do país. Quando o salão
surgiu, vivíamos ainda sob a ditadura militar. Ele foi então um espaço em que
jornalistas, humoristas e intelectuais brasileiros ocuparam para lutar contra a
falta de liberdade de expressão”, disse o cartunista Eduardo Grosso, diretor do
Centro Nacional de Humor Gráfico (CEDHU), em Piracicaba, responsável pelo salão.
Neste ano, 966 artistas, de 64 países,
enviaram 4.180 trabalhos para a exposição competitiva, número recorde na
história do salão. Deste total, 442 obras foram selecionadas, sendo 142
cartuns, 97 caricaturas, 74 charges, 73 tiras ou histórias em quadrinhos e 53
com o tema futebol, um dos assuntos escolhidos para ilustrar a mostra deste
ano. “Todos os anos o salão trabalha com um tema, embora haja a possibilidade
de mandar trabalhos com temática livre. Este ano, por causa da Copa do Mundo,
decidimos adotar o tema futebol”, explicou o diretor.
Entre os trabalhos selecionados estão
caricaturas da presidenta Dilma Rousseff, do presidente dos Estados Unidos
Barack Obama, do ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, do papa
Francisco e dos jogadores Pelé e Neymar. As charges, por sua vez, exploram
temas como os protestos no país, a crise no jornalismo e a denúncia de
espionagem nos Estados Unidos.
“Todos os anos, o salão é um reflexo do que
está acontecendo tanto localmente quanto em nível mundial. No Brasil, o grande
destaque deste ano foram as manifestações e as dúvidas do governo com relação a
elas. Apareceu muito a figura da presidenta Dilma com relação a isso
[manifestações]. Outro assunto que apareceu muito este ano foi a espionagem,
como a da figura do Obama com uma grande orelha, escutando o que os outros
países estão fazendo ou tramando, e ainda as relações do homem com as novas
tecnologias”, disse Grosso.
A abertura do Salão Internacional de Humor
aconteceu na noite de ontem (24). As visitas, gratuitas, poderão ser feitas até
o dia 20 de outubro, no Engenho Central. Além do Engenho Central, haverá
exposições de obras do salão espalhadas por outros pontos da cidade, como a
Câmara dos Vereadores, a Rodoviária Intermunicipal, o Shopping Piracicaba e a
Biblioteca Municipal Ricardo Ferraz de Arruda Pinto, entre outros. Obras que
fizeram parte da história do salão também poderão ser vistas na capital
paulista nas estações Corinthians-Itaquera (Linha 3 – Vermelha) e Luz (Linha 1
– Azul) do Metrô, além da Assembleia Legislativa.
Para comemorar os 40 anos do evento, o
salão também vai abrigar o Festival Paulista de Circo. Como forma de incentivar
os novos talentos, o salão promove a 11ª edição do Salãozinho de Humor, com a
participação de crianças entre 7 anos e 14 anos, matriculadas nas escolas
públicas ou particulares de todo o país. A abertura do salãozinho está marcada
para a manhã de hoje (25).
Clique aqui para mais informações
sobre o Salão Internacional de Humor de Piracicaba.’
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