O golpe de Deborah Secco e a mídia de celebridades

Deborah Secco

Kiko Nogueira, Diário do Centro do Mundo
 
“O ator Alec Baldwin teve seu programa de entrevistas suspenso depois de ser flagrado xingando um paparazzo de “bicha”. Baldwin nega que tenha usado esse termo. Pesa contra ele um passado não muito gay-friendly e, mais do que isso, de inimigo da mídia que cobre famosos.

Baldwin já se envolveu em várias encrencas por causa do assédio a ele e sua família. Saiu no braço vez ou outra. Desta vez, resolveu ir um pouco mais longe: ameaçou largar tudo se isso significar ficar livre da pegação no pé.

Em sua coluna no Huffington Post, ele escreveu: “Esta obsessão com a vida privada de famosos é trágica. É trágica no sentido de que é claramente uma projeção da frustração das pessoas com seu governo, sua economia, sua própria falência espiritual. Se for necessário eu deixar o negócio da televisão, do cinema, do teatro, qualquer coisa da indústria de entretenimento, para trazer paz para minha família, então essa decisão é fácil”.

Baldwin não vai largar sua carreira, mas seu desabafo é didático. A cultura de celebridades faz a alegria de revistas e sites de fofocas. No Brasil, esse tipo de imprensa é um pouco diferente. É mais suave, para não dizer sabuja, com os famosos do que a americana ou a inglesa.

Recentemente, a atriz Deborah Secco foi condenada pela Justiça a devolver 158 191 reais aos cofres públicos. Foi denunciada por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa. Sua mãe, seu irmão, sua irmã e a produtora Luz Produções Artísticas LTDA, que pertence à família, terão que restituir 446.455 reais.

Deborah deu uma entrevista à Contigo. Nenhuma mísera pergunta sobre o caso. O trecho mais relevante: “Toda hora inventam um namorado para mim. Qualquer pessoa que eu conheço e com quem saio já vira meu namorado. Eu cruzo e cumprimento, virou namorado”.

Há um acordo tácito entre as revistas e essas pessoas: elas são tratadas como se estivessem acima da lei; em troca, ficam disponíveis para ensaios etc. Curiosamente, gente como Deborah Secco volta e meia ainda se queixa de não ter privacidade.

Na ameaça de Baldwin — “vou largar tudo” —  está implícito que ele precisa ser um sujeito comum para ter sossego. Opa: ele É um sujeito comum. Ela também. Quem os coloca numa posição diversa é a mídia de celebridades e seus leitores. Essas “estrelas” não estão interessadas em fazer as pessoas pensarem que podem ser como elas. Seu sucesso é baseado em deixar o resto do mundo num plano inferior, com uma enorme mãozinha de jornalistas e paparazzi.”

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