Rito de passagem. Jacopo Olmo Antinori e Tea Falco, vazio e desilusão |
Orlando Margarido, CartaCapital
Eu e Você
Bernardo Bertolucci
O destino que tira o adolescente Lorenzo (Jacopo Olmo Antinori) do torpor está longe de ser aquele político que levou milhares de jovens recentemente às ruas no Brasil. Pode causar estranhamento, portanto, que um rapaz ainda com espinhas no rosto, um tanto desajeitado, e mais propenso à atitude solitária do que à socialização, queira por vontade própria se fechar em um porão. Não escapou, no entanto, ao veterano Bernardo Bertolucci que este pode ser justamente o reverso da moeda de certa juventude desiludida, metida num vazio contemporâneo tão árduo quanto aqueles que pegam em pedras para estilhaçar vitrines. É àquele grupo que seu mais novo filme, Eu e Você, estreia de sexta 20, quer falar.
Novo aqui não é mera determinação de tempo. Aos 72 anos, o cineasta italiano faz um filme de olhar juvenil, com o frescor próprio ao romance de Niccolò Ammaniti, lançado no País. Um tanto como fez em outra toada com a geração dos anos 60 em Os Sonhadores. A crise política e existencial deste passa a ser individual e familiar no caso de Lorenzo, em embate com a mãe e os colegas que o circundam. Prefere ao psicólogo se trancar da intolerância social no subsolo do prédio quando surge a desculpa de uma viagem da escola.
Mas não permanecerá sozinho por muito. Sua meia-irmã (Tea Falco), garota liberal e consolada pelas drogas, surgirá para cumprir a passagem da inocência a uma visão realista da vida que transformará Lorenzo. Com essa chave inerente a qualquer puberdade, Bertolucci fala mais aos nossos tempos do que multidões ferozes nas ruas."
Bernardo Bertolucci
O destino que tira o adolescente Lorenzo (Jacopo Olmo Antinori) do torpor está longe de ser aquele político que levou milhares de jovens recentemente às ruas no Brasil. Pode causar estranhamento, portanto, que um rapaz ainda com espinhas no rosto, um tanto desajeitado, e mais propenso à atitude solitária do que à socialização, queira por vontade própria se fechar em um porão. Não escapou, no entanto, ao veterano Bernardo Bertolucci que este pode ser justamente o reverso da moeda de certa juventude desiludida, metida num vazio contemporâneo tão árduo quanto aqueles que pegam em pedras para estilhaçar vitrines. É àquele grupo que seu mais novo filme, Eu e Você, estreia de sexta 20, quer falar.
Novo aqui não é mera determinação de tempo. Aos 72 anos, o cineasta italiano faz um filme de olhar juvenil, com o frescor próprio ao romance de Niccolò Ammaniti, lançado no País. Um tanto como fez em outra toada com a geração dos anos 60 em Os Sonhadores. A crise política e existencial deste passa a ser individual e familiar no caso de Lorenzo, em embate com a mãe e os colegas que o circundam. Prefere ao psicólogo se trancar da intolerância social no subsolo do prédio quando surge a desculpa de uma viagem da escola.
Mas não permanecerá sozinho por muito. Sua meia-irmã (Tea Falco), garota liberal e consolada pelas drogas, surgirá para cumprir a passagem da inocência a uma visão realista da vida que transformará Lorenzo. Com essa chave inerente a qualquer puberdade, Bertolucci fala mais aos nossos tempos do que multidões ferozes nas ruas."
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