The Leftlovers, da HBO: abduzidos pela própria vida |
Nirlando Beirão, CartaCapital
Em Dr. Pasavento, o catalão
Enrique Vila-Matas introduz um escritor que, a caminho de uma palestra
em Sevilha, decide sumir do mapa, esfumaçar-se na neblina do presente,
não ser ninguém. Explora a fantasia primária, pueril, mas universal,
primordial, de desaparecer do mundo quando alguém se vê à frente de um
mar de problemas. E faz um perspicaz contraponto a esta época de
selfies, instagrams, Facebook e de superexposição instantânea e solúvel.
Assim como Andrés Pasavento, milhões e
milhões de pessoas vão até a esquina comprar fósforos e se extraviam
para todo o sempre. Damon Lindelof, o qual, como cocriador do seriado Lost
(Perdido), indica prévio interesse pelo tema, imagina uma ficção em que
2% da humanidade vai saindo de cena, em circunstâncias súbitas e
enigmáticas. Desaparecem os costumeiros desviados da vida, mas também
recém-nascidos, pais extremosos, celebridades de sucesso e até Sua
Santidade, o papa.
O novo seriado de Lindelof chama-se The Leftovers
(aos domingos, 23h, na HBO), estreou esta semana e terá dez episódios.
Não esperem por artimanhas dramatúrgicas como seres humanos abduzidos
por óvnis ou que ingressem em outras dimensões. O insight da
série é: quando alguém que está a seu lado se ausenta, se esconde, muda
de identidade, você também acaba perdendo muito da sua.
Quem está estreando esta semana é Pedro Bial, com sua terceira versão de Na Moral (às quintas, 23h40, Globo). Os sete episódios de Na Moral
prometem ser “um palco de debates”. Difícil acreditar: opiniões plurais
na Globo e com ruidoso auditório ao fundo. Bial é o avesso do Andrés
Pasavento: quando sumido, fica louquinho para aparecer."
Um comentário:
Eu gostava da série e não hesitará em ver a segunda temporada. Espero que os novos personagens são tão bons quanto o primeiro.
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