Da BBC
No universo criado pelo artista curitibano Butcher Billy, personagens de quadrinhos das editoras Marvel e DC Comics se confundem com ídolos da música pop, políticos mundiais, assassinos em série e líderes extremistas. Esse universo paralelo tão caótico e conturbado quanto uma das 'Infinitas Terras' da DC Comics povoam as páginas do artista no Instagram (https://instagram.com/thebutcherbilly/) e no Facebook (https://www.facebook.com/bilyml)."
"Quando criança, nos anos 80, eu era vidrado tanto nos desenhos animados que passavam na TV quanto nas músicas que tocavam no rádio", conta o artista, de 37 anos, cujo nome verdadeiro também parece ser um nome artístico - Bily Mariano da Luz.
Nessa época, conta Billy, ele acabou se iniciando "na cultura pop como um todo, quadrinhos, cinema, música, games, arte" e percebeu que "tudo estava relacionado de alguma forma". Foram essas conexões conta ele, que definiram seus gostos pessoais e escolhas profissionais.
"Meus projetos como Butcher Billy quebram os limites entre as formas de arte e exploram o que faz algo ou alguém se tornar icônico na cultura pop e no imaginário coletivo. Nos meus projetos de super-heróis pós-punk, a relação entre cada roqueiro e cada personagem é sempre estabelecida de uma maneira ou de outra", conta ele.
Quanto à mistura entre vilões da Marvel e da DC com líderes mundiais polêmicos e chefes de organizações extremistas, Billy diz ser uma forma de "explorar o quanto certas formas de arte são um reflexo do tempo em que vivemos. Se antigamente quadrinhos e cinema eram um tanto quanto ingênuos e encarados como puro escapismo, hoje, eles precisam espelhar a realidade para serem relevantes ao espectador".
Na arte de Billy, Mark Zuckerberg (fundador do Facebook) se transforma no perverso Loki, o irmão de Thor. O devorador de galáxias Galactus é convertido em Hitler e o assassino em série Charles Manson é retratado como o Coringa, o arqui-inimigo de Batman.
Para o artista, os supervilões da Marvel e da DC não são páreo para o que ele considera como os malfeitores da vida real.
"Uma das conclusões meio depressivas a que eu cheguei com essa série foi que, se caso fossem os supervilões ameaçando a vida real, o mundo não seria um lugar tão ruim. Agora, comparando mesmo, eu diria que o pior de todos seria o Mark Zuckerberg", comenta.
Personagens de quadrinhos da Marvel e da DC Comics são, atualmente, não só marcas milionárias de suas editoras, como também fontes de inspiração para franquias cinematográficas que estão sempre no topo das bilheterias, como Os Vingadores e os vários longas metragens protagonizados por Batman.
"Desde então, tenho falado com Hook e a pedido dele até mandei algumas camisetas com artes minhas para a banda usar nos shows. Também recebi e-mails dos empresários de Howard Devoto (ex-Buzzcocks e Magazine) e de Gary Numan dizendo que curtiram muito os mashups. Essa é outra parte legal desse trabalho - te tornar mais próximo dos seus ídolos e inspirações", acrescenta.
Em seu próximo projeto, Billy deixará os quadrinhos de lado, mas não abandonará o universo pop e nem as reciclagens de outras obras artísticas.
Apesar de ser natural de Curitiba e de ainda viver em sua cidade natal, Billy se inspira mais em personagens e ícones estrangeiros do que nos brasileiros. Mas ele explica que as fontes de sua são globais.
"Esse é justamente um dos temas que eu costumo explorar nos meus projetos - o alcance de algo que se tornou enraizado no imaginário cultural coletivo. Acredito que o apelo de um ícone que chegou a esse status seja global, afinal, na infância e adolescência eu morei em uma pequena cidade do interior no sul do Brasil e tive acesso razoável a tudo que me influenciou e influencia até hoje - em uma época sem internet", afirma.
Billy conta que já lançou projetos usando temas nacionais. "Mas quase todos passam meio batido sem gerar muita repercussão. A crítica política é inevitável, como no "Butcher Billy for President", mas outro que eu gostei muito de ter feito foi o Sin City x Boca do Lixo, em que eu redesenhei cartazes de filmes clássicos da época da pornochanchada.
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