Nunca mais o passado
Eduardo Graça, CartaCapital
“Quando um repórter perguntou em entrevista
coletiva no Hotel Copacabana Palace, em fevereiro, para que momento histórico
Will Smith gostaria de viajar em uma virtual máquina do tempo, a resposta foi
tão curta quanto certeira: “Para mim e para minha gente, qualquer lugar no
passado vai ficando pior”. Homens de
Preto 3, que estreia no Brasil uma década após o segundo título da
lucrativa série, é a primeira produção estrelada pelo artista em quatro anos.
No filme, o Agente J (vivido por Smith) volta ao passado para salvar o planeta
e, de lambuja, a vida do parceiro, o Agente K. O papel, consagrado por Tommy
Lee Jones, agora é encarnado por Josh Brolin, em versão jovem, nos anos 60. “Este
é o melhor momento para o meu povo. Se tivesse de voltar no tempo, queria parar
anteontem, quando Barack (Obama)
assumiu a Presidência. Seria perfeito”, diz Smith. “Os brancos, no entanto, é
claro, podem ir para qualquer lugar no passado que estarão bem.”
Poucas
horas depois, em entrevista para um grupo
reduzido de repórteres, CartaCapital
voltou ao tema lançado pelo próprio protagonista de Homens de Preto 3, o artista negro mais bem-sucedido da
história de Hollywood, a única estrela a alcançar a marca de oito filmes
consecutivos, vendendo mais de 100 milhões de dólares nas bilheterias dos
cinemas americanos e com enorme expressão nos quatro cantos do planeta. “Sou um
grande fã de Barack, como homem e presidente dos Estados Unidos. O que ele fez
pelo mundo, até mesmo ignorando o aspecto político, é algo impressionante. A
ideia de um negro presidente dos EUA soa absolutamente fantástica ainda hoje.
Sabe o que me deixa chateado? Se há seis ou sete anos nós em Hollywood
tivéssemos contado, em tom realista, a história de um negro vencendo as
eleições para presidente dos EUA, ouviríamos a maioria das pessoas dizendo que
seria o pior filme de todos os tempos. Algo como ‘só mesmo no cinema americano,
lá vêm eles com as palhaçadas deles’, o candidato negro jamais, nunca venceria
no fim da projeção”, ele acredita.”
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