“Criador de
um programa que marcou MinC até 2010, Célio Turino conta como iniciativa,
semi-interrompida no Brasil, está contagiando continente
Célio Turino, Outras Palavras
“Uma notícia está chegando lá do exterior
Não deu no rádio no jornal ou na televisão”
Não deu no rádio no jornal ou na televisão”
Em minhas centenas de viagens aos Pontos de
Cultura pelo interior do Brasil, sempre cantarolava a música “Notícias do
Brasil” de Milton Nascimento com letra de Fernando Brant. Queria compartilhar
este país que eu tinha oportunidade de ver com meus próprios olhos, um Brasil
energizado e compartilhado pelos Pontos de Cultura, com gente criativa e
valente, fazendo coisas diferentes na defesa do Bem Comum. De certa forma pude
contar essas histórias no meu livro Ponto de Cultura, o Brasil de baixo para
cima, tanto que abro o livro fazendo um diálogo com esta música e a história
dos meninos e meninas de Araçuaí (Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais) e o
presente que deram à sua cidade: um cinema.
Agora, distante há mais de dois anos do
ministério da Cultura, me relembro da música e apenas faço uma mudança na
letra, trocando “interior” por “exterior”. A vida tem me levado para fora do
Brasil. Desde março de 2011, tenho recebido incontáveis convites para conferências
e cursos em outros países, sobretudo América Latina, mas também Europa. No
período em que estava trabalhando no ministério da Cultura, evitei as viagens
oficiais ao exterior, pois tinha consciência de que, naquele momento, minhas
responsabilidades estavam em dar conta de meu trabalho para o povo brasileiro,
atendendo às milhares de entidades culturais comunitárias do Brasil, e assim
fiz.
Agora, sem responsabilidades de governo,
posso sair difundindo, não mais um programa governamental, mas teoria, conceitos
e experiências que podem e devem ser compartilhadas. Com isso já estamos
realizando uma campanha continental pela Cultura Viva Comunitária, que busca
assegurar em lei um orçamento mínimo de 0,1% do orçamento público para o “fazer
cultural” autônomo e protagonista, potencializando os Pontos de Cultura
existentes em cada país. Esta é uma experiência de lei continental, que se
estende da Terra Fogo ao Rio Grande (o rio seco que separa o México do estado
norte-americano do Texas), unindo 21 países.
Uma primeira percepção com estas viagens: é
tudo tão comum! Eu nos vejo quando estou na Guatemala, junto com a Caja
Lúdica fundada por um casal de colombianos de Medellin. Neles encontro os
tantos casais que diariamente levam adiante seus Pontos de Cultura no Brasil
(entre os muitos Pontos de Cultura que conheci, aqui e no exterior, sempre
encontro a presença dedicada e cúmplice de casais). Em verdade, a Caja Lúdica
de Guatemala, atua como um Pontão de Cultura, articulando, capacitando e
difundindo Pontos de Cultura por todo o país e mesmo entre seus vizinhos da
América Central.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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