Mair Pena Neto, Direto da Redação
“Sempre me pareceu que não houve um esforço
muito grande pela divulgação e popularização da arte brasileira. Refiro-me,
sobretudo, à pintura, invariavelmente vista como assunto de entendidos, e
distante do grande público. Não acredito que se trata apenas do nosso nível de
desenvolvimento, e, sim, à falta de políticas públicas de difusão da história
da arte e de nossos grandes nomes.
A sede dos brasileiros pelas artes ficou
flagrante na segunda metade dos anos 90, quando uma exposição das obras de
Rodin arrastou 180 mil pessoas à Pinacoteca de São Paulo, público equivalente a
um Maracanã lotado nos velhos tempos, sucesso que se repetiu em outras mostras
do escultor francês pelo país. Ficou evidente que havia um interesse latente em
ver de perto e conhecer mais do mundo das artes plásticas, e que faltava apenas
uma política sistemática de exposições.
O crescimento econômico da última década
incluiu definitivamente o Brasil no circuito das megaexposições, o que
reaproximou os brasileiros dos museus e dos centros culturais, que também se
renovaram e souberam se tornar mais atraentes. Depois de Rodin, vieram Picasso,
Monet e outros grandes mestres, que voltaram a atrair públicos excepcionais,
não deixando o interesse pelas artes arrefecer.
Ao contrário, os visitantes são cada vez em
maior número, comprovando que o sucesso da exposição de Rodin não foi um caso
isolado, pelas características singulares de sua obra e o interesse que sua
personalidade desperta. Ano passado, o Brasil teve três das dez exposições com
maior média de público no mundo. O Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio,
atraiu 9.677 pessoas por dia, durante três meses, à exposição O Mundo Mágico de
Escher, do holandês M.C. Escher; 6.991 visitantes diários, durante quatro
meses, para ver o trabalho da japonesa Mariko Mori, e outros 6.991 à mostra Eu
e Tu, da americana Laurie Anderson.
O sucesso destas megaexposições precisa ser
aproveitado para a formação do público e maior divulgação dos pintores
brasileiros. Quem conhece mais os artistas, os períodos, os estilos,
inegavelmente desfruta mais do que vê. Mas o acesso a estas informações depende
da maneira como são disseminadas _ o que pode começar nas escolas, com aulas de
história da arte _ e apresentadas pelos próprios museus. Hoje, os recursos de
interatividade abrem mil possibilidades de tornar mais atraentes qualquer tipo
de informação, e muitos centros culturais já se valem desses recursos.”
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