Thomas Vinterberg traça retrato ácido da injustiça em 'A Caça'

Mads Mikkelsen é Lucas, vítima de injustiça socia

 
“A injustiça é o tema do filme A Caça, do diretor dinamarquês Thomas Vinterberg, que chega aos cinemas brasileiros na sexta-feira (15). O realizador é conhecido pela direção do filme Festa de Família (1998) e também de videoclipes como No Distance Left To Run, do Blur, e The Day That Never Comes, do Metallica. O ator Mads Mikkelsen está tão bem que ganhou o prêmio da categoria no Festival de Cannes de 2012, mas quem rouba a cena mesmo é a garotinha Annika Wedderkopp, a qual provavelmente acompanhará suas lembranças durante vários dias.

O enredo gira em torno de um homem, Lucas (Mads Mikkelsen), que, após se separar, quer apenas manter contato com o filho e trabalha como professor de uma escola de educação infantil, onde desenvolve um carinho pelas crianças. Em especial, por Klara (Annika Wedderkopp), filha do melhor amigo dele, Theo (Thomas Bo Larsen), e que sofre com as constantes e intensas brigas dos pais. Lucas é o ponto de apoio da garota, mas, ao recusar um presente e um beijo, se transforma em fruto de raiva e ela, então, inventa que foi abusada sexualmente.

De modo totalmente irracional, os diretores da escola e, aos poucos, toda a população de uma pequena cidade dinamarquesa, toma a versão contada por Klara como verdade absoluta e começa a transformar a vida de Lucas num inferno, principalmente depois que ele é preso e libertado por falta de provas. A frase dita por muitos personagens de que as crianças não mentem provoca um eco ensurdecedor no espectador.

Com uma direção crua e ácida, bem ao estilo impresso em seus outros trabalhos, Thomas Vinterber assina o roteiro com Thobias Lindholm e traça um contundente retrato a respeito da intolerância e da incompreensão entre as pessoas. Nesse sentido, destacam-se também a fotografia de Charlotte Bruus Christensen, a montagem de Anne Osterud e Janus Billeskov Jansen e a música de Nikolaj Egelund. Portanto, A Caça é um filme extremamente atual e impactante. Afinal, os nossos preconceitos e verdades absolutas são colocados em xeque de modo extremamente eficaz. Não se trata de um filme de terror e, por isso mesmo, o resultado é tão assustador.”

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