A internet demasiado humana no filme "Disconnect"


Wilson Roberto V. Ferreira, Cinegnose / GGN

"Um soco emocional. Assim pode ser definido o filme independente “Disconnect” (2012): três histórias baseadas em fatos reais tendo como cenário Facebook, Twitter, smartphones, tablets e laptops. Cyberbullyings, crimes cibernéticos e sites eróticos que exploram menores encontram pessoas fragilizadas emocionalmente cujas relações com parentes e amigos são superficiais e vazias enquanto toda a atenção se volta aos gadgets tecnológicos. O filme “Disconnect” representa a destruição do segundo mito da Internet: depois do fim da utopia das empresas “ponto com” em 2000, agora a diluição do mito do novo mundo trazido pela “inteligência coletiva” digital. A tecnologia apenas ampliaria as velhas mazelas da condição humana. A Internet ainda continua humana, demasiada humana.

Quando a televisão surgiu era rotineiramente acusada por devorar a atenção das pessoas e destruir a comunicação. Produtora de solidão, emburrecedora e responsável por distúrbios oculares eram o mínimo de que se acusava a TV. Com a Internet alarmes semelhantes retornam, porém com um outro viés: os caminhos dessa terra de ninguém são potencialmente perigosos – alguns são predadores, outros são viajantes ingênuos que se aventuram por territórios dominados por tribos e cibercriminosos. O risco de ser emboscado, espoliado e humilhado é considerável. Muitas vezes a aplicação da lei é incapaz de apanhar os trapaceiros, que se mantêm sempre à frente do jogo.

Esse é o tema do filme “Disconnect” do documentarista Henry Rubin (do documentário “Murderball”) em sua estreia em um filme com narrativa ficcional. A partir de um roteiro escrito por Andrew Stern, Rubin apresenta um verdadeiro soco emocional para aqueles que convivem diariamente com Facebook, Twitter, Skype, webcams e smartphones: um retrato da crueldade desencadeada por ladrões que alegremente se escondem por trás de falsas identidades virtuais, desenterram informações pessoais e com algumas teclas pode ser capaz de destruir a vida de uma pessoa.”
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