Pilar López Ayala,
devaneio / Divulgação
|
“O
centenário cineasta Manoel de Oliveira surpreende em "O Estranho Caso de
Angélica". Por Orlando Margarido
Manoel de Oliveira
O que esperar de um cineasta centenário e o mais longevo em atividade? Por certo nos surpreender não estaria entre as expectativas, mas é o que Manoel de Oliveira faz neste O Estranho Caso de Angélica, estreia de sexta-feira 30. Um tanto porque há uma aproximação com o registro fantástico pouco usual em seu cinema. Depois, por se servir desse recurso para nos confrontar com uma realidade mais crítica, em condição temporal incerta, com tom do passado e olhar do presente. O estranho contido no título abarca não somente as situações, mas os personagens, a começar pelo fotógrafo Isaac (Ricardo Trêpa, neto de Oliveira), o tipo recluso e obsessivo que nos conduz a um universo por vezes onírico.
A obsessão ganha forma quando ele é chamado
a realizar a última foto de uma jovem morta em seu velório (Pilar López de
Ayala). Encanta-se com seu rosto e passa a revê-lo com frequência em devaneios,
enquanto procura se isolar dos demais hóspedes da pensão onde se instala. É
dali também que observará um grupo de agricultores que, no meio urbano, busca
arar a terra que lhe resta. Oliveira preparou esse roteiro para filmá-lo
durante a Segunda Guerra Mundial e dar conta do poderio nazista. Foi impedido
pelas autoridades de Salazar. Aos 105 anos, realiza o projeto como se atrelado
à época e, em vez de surgir anacrônico, nos sugere o sublime e a poesia.”
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