O grandioso, caro e longo “Interestelar” é, no fundo, vazio como qualquer filme de fim do mundo
Kiko Nogueira, DCM
“Interestelar”, o longa de Christopher Nolan que está arrebatando as bilheterias, podia ser um sinal de inteligência nos blockbusters de Hollywood, mas é apenas mais do mesmo disfarçado: uma história repetida, diálogos eventualmente com padrão de filme brasileiro, personagens inconsistentes — tudo isso embalado em zilhões de efeitos especiais e muito dinheiro. Se um filme depende de uma sala IMAX para ser desfrutado, não é bom sinal.
Não que seja totalmente um abacaxi. Mas padece de alguns velhos problemas dos filmes de ficção científica, bons ou ruins. Para começar, a necessidade de dar um arcabouço científico à trama. Ninguém entende nada do que se fala, mas é importante parecer que aquele absurdo é possível. Dá-lhe trabalho para a verossimilhança.
A essa altura, você já sabe do que se trata. Cooper (Matthew McConaughey), um astronauta transformado em fazendeiro, é enviado a uma missão espacial para encontrar um outro planeta para a humanidade, já que a Terra está a caminho de virar um monte de poeira.
Ele é viúvo e mora com a filha Murph, prodígio de 10 anos (Mackenzie Foy), mais o filho que ele despreza e o pai estranho.
Enquanto Cooper está no espaço, Murph vira cientista da Nasa e tenta encontrar um plano B para os terráqueos até seu pai voltar com a notícia de que achou um outro lar.
É sempre curioso ver atores obrigados a tentar falar com autoridade sobre física, teoria da relatividade etc. Fica nítido que não estão entendendo patavina do que estão dizendo. Os espectadores têm a mesma sensação. Não há registro no mundo de que alguém tenha saído do cinema entendendo o que são e para que servem os buracos negros.
Toda a overdose de ciência serve para dar um verniz a um drama familiar que não hesita em apelar para instintos básicos. Cooper, que abandonou a família, chora copiosamente quando lhe enviam os vídeos com recados de casa.
O velho cientista autor do plano de fuga (Michael Caine), pai da companheira de viagem de Cooper (Anne Hathaway), garante outros momentos de pieguice. Cada detalhe sem explicação é atribuído a “eles” — os extraterrestres, presume-se, ou, se preferir, Deus.
“Interestelar” é o equivalente a um disco fraco de rock progressivo. Cheio de notas, pretensioso, com citações supostamente eruditas, grandiloquente — e, no fundo, vazio. Tudo pela módica quantia de 160 milhões de dólares.
Não se destaca tanto assim da miríade de longas sobre o fim do mundo. É “Armagedon” com um pouco menos de burrice, o que não seria difícil. E a moral é a mesma: se a Terra está nas últimas, é hora de dar tchau. Para que cuidar?
Na dúvida, reveja o “2001″ de Kubrick. O computador canalha HAL 9000 tinha mais humanidade em seus circuitos do que meio elenco de “Interestelar”. Sem contar que era mais divertido."
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4 comentários:
Pois eu achei este filme o melhor do ano!
Recomendo a quem puder que assista o filme muito bom!
Já achei o filme muito inteligente e bem dosado nas tramas, além de demonstrar que Nolan curte tentar trazer a ficção à níveis de realidade (aceitáveis), por isso, dispensa ao máximo efeitos especiais pelo computador. Além disso, a trama é bem recheada com diálogos inteligentes
Acredito que vc editor do blog, saiba menos de física do que os atores, é obvio que pessoas sem muito conhecimento vão sair boiando. Eu tenho o minimo de conhecimento sobre física e achei o filme muito bom.
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