2015 foi um ano cheio de espionagem. Do satírico Kingsman ao sério Ponte de Espiões, vimos vários estilos e épocas na telona, culminando agora no aguardado 007 Contra Spectre, a possível despedida de Daniel Craig ao papel de James Bond.
É no
ritmo de despedida que o filme se constrói, tentando fechar a história
de Bond conectando todos os filmes com Craig através da organização vilã
que dá nome ao filme. Passamos as mais de duas horas vendo rostos
conhecidos do passado enquanto nosso protagonista persegue um vilão que
parece conhecer tudo de sua história.
Assim o roteiro encontra sua maior falha. Ao tentar conectar os acontecimentos dos filmes passados, criar um vilão potente e ainda uma história com ação e reviravoltas, 007 Contra Spectre se torna superficial demais, até desinteressante. A motivação do personagem de Christoph Waltz
é banal, sem graça e longe dos costumeiros vilões da franquia (até
mesmo sem se mostrar um pouco caricato, como muitos vilões são), e Bond
também não parece se achar na história, com o final do filme sendo muito
mais anticlimático do que deveria.
Essa
falta de personalidade reflete também em boa parte das cenas de ação do
filme. Enquanto a cena pré-créditos de 007 Contra Spectre é ótima e bem
filmada, o resto vai perdendo fôlego e se tornando sem graça. As perseguições do filme logo cansam por serem repetitivas
(inclusive por uma ou outra ser mais longa do que deveria), e vão,
gradualmente, tornando a experiência de ver o filme pior. Assim a longa
duração, de mais de duas horas, vai pesando cada vez mais.
Ao menos o aspecto visual do filme é ótimo.
Os diferentes cenários ao longo da trama se destacam bastante,
principalmente pelo contraste entre eles, e conseguem melhorar, ao menos
um pouco, as cenas mais desinteressantes. As cenas passadas no México
são o ápice da qualidade visual. E a usual trilha sonora também continua
bem presente e marcante, exceto talvez pela música original criada pelo
filme, por Sam Smith, que parece destoar do que vemos na tela, apesar
da letra trazer uma ligação interessante com a história.
007
Contra Spectre, ao tentar fechar não só uma, mas todas as histórias
desse novo Bond, abocanha muito mais do que pode mastigar. A
superficialidade da trama e da ação acabam colocando os bons atores,
personagens e alguns aspectos interessantes da história no canto, dando
espaço para um espetáculo que nunca realmente se inicia. Se a trama
fosse mais simples, talvez o filme fosse um pouco mais memorável e
interessante, ao invés de se tornar algo esquecível em meio a outros
títulos do gênero que vimos neste ano.
007 Contra Spectre
Diretor: Sam Mendes
Roteiro: John Logan, Neal Purvis, Robert Wade e Jez Butterworth
Duração: 148 minutos
Elenco: Daniel Craig, Christoph Waltz, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Ben Whishaw
Lançamento: 5 de Novembro de 2015
Um comentário:
Concordo com a crítica, achei a mesma coisa.
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