Jacilio Saraiva, Valor Online
“Maria, 9 anos, moradora do bairro do
Brooklin, em São Paulo,
já viu o DVD do filme "A Princesa e o Sapo" 38 vezes. Repete de cor
os diálogos dos protagonistas Tiana e Príncipe Naveen, mas não sabe que boa
parte do desenho americano, criação dos estúdios Disney, foi finalizada a
apenas duas quadras da sua casa, na produtora HGN.
"Fomos selecionados, junto com uma
produtora americana e outra canadense, para trabalhar na composição dos desenhos",
diz o sócio da empresa, Haroldo Guimarães Neto, que em 32 anos na área de
animação já prestou serviços para blockbusters como "A Pequena
Sereia" e a série "Aladdin". Na verdade, nos últimos quatro
anos, é cada vez maior o interesse de estúdios da Europa e dos Estados Unidos
pelos animadores brasileiros.
Além da HGN, a LightStar Studios, sediada
em Santos (SP), atuou em títulos como "O Segredo de Kells" e
"Chico e Rita", indicados ao Oscar de melhor animação em 2010 e 2011,
respectivamente. "Com a mesma qualidade internacional, os grandes estúdios
conseguem no Brasil custos até 30% menores, se comparados a orçamentos
praticados na Europa e Canadá", explica Eduardo Gurman, da Sumatra
Studios, em ritmo de pré-produção de uma nova série do americano David Feiss, o
mesmo criador do desenho "A Vaca e o Frango".
À frente da LightStar Studios, Marcelo de
Moura resolveu montar a produtora de animação em 2004, depois de morar 12 anos
entre a Europa e os Estados Unidos. A temporada estrangeira o ajudou a acumular
experiências e conhecer o "who is who" do setor. Em Nova York, foi animador
de "A Era do Gelo" e "Mulan".
"No Brasil, nosso primeiro contrato
internacional foi fazer 25% da animação e o clean-up de 'Asterix e os
Vikings'", diz Moura, que conheceu o diretor do filme, o dinamarquês
Jesper Moller, entre um trabalho e outro no exterior. O clean-up tem a função
de "limpar" os desenhos e deixá-los com o traço final para a
colorização do filme. A operação paulista de "Asterix" contou com
mais de 50 pessoas na produção e sete meses de labuta. O longa francês, baseado
nas histórias em quadrinhos de Albert Uderzo e René Goscinny, custou cerca de
25 milhões de euros.”
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