A deliciosa atualidade da comédia italiana

Lançamento de DVDs sugere relembrar
(ou conhecer) tradição cinematográfica
ofuscada à sua época, mas mordaz,
irreverente e carregada de crítica social

José Geraldo Couto, no blog do IMS / Outras Palavras

“A comédia à italiana – gênero que teve seu apogeu entre meados dos anos 50 e meados dos 70 – foi relegada por muito tempo a um injusto segundo plano. Ficou à sombra, de um lado, do grande “cinema de autor” de Fellini, Visconti, Antonioni etc. e, de outro, do cinema diretamente político de Francesco Rosi, Elio Petri, Giuliano Montaldo e um punhado de outros.

Mas numa época triste como a nossa, em que, no mundo todo, o conceito de comédia parece ter-se corroído pelo humor estúpido do besteirol e das sitcoms televisivas, cabe uma revisão urgente da deliciosa filmografia de mestres como Mario Monicelli, Dino Risi, Pietro Germi e Luigi Comencini. Eles detinham um segredo alquímico que aparentemente se perdeu.

Um bom começo para conhecer ou relembrar as obras-primas do gênero é a recém-lançada caixa de DVDs “Clássicos da Comédia Italiana”, da Versátil. São três filmes: um de Monicelli (Os eternos desconhecidos, 1958) e dois de Germi (Divórcio à italiana, 1961; Seduzida e abandonada, 1964).

Há no mercado outros clássicos disponíveis em DVD: Aquele que sabe viver (Risi, 1962), O incrível exército de Brancaleone (Monicelli, 1966), Meus caros amigos I e II (Monicelli, 1975 e 1982) e os filmes de episódios tão característicos daquela fase italiana:Amores na cidade, As bonecas, Boccaccio 70, Casanova 70 etc.

Poesia do fracasso

Mas fiquemos, por enquanto, nos três títulos que acabam de ser lançados. Eles sintetizam grande parte do espectro temático e dos trunfos narrativos da chamada “comédia à italiana”. As duas linhas mais frequentes na filmografia do gênero – a comédia picaresca e a farsa de adultério – estão presentes com força: a primeira no filme de Monicelli, a segunda nos dois de Germi. O malandro e o cornudo são, por excelência, os personagens centrais desse tipo de cinema.”
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