Denzel Washington protagoniza um piloto viciado em “O Voo”


Denzel Washington é a maior e melhor razão para assistir ao novo trabalho do diretor Robert Zemeckis

Correio do Brasil / Reuters

“Indicado ao Oscar pela sexta vez como protagonista do drama O Voo, o veterano Denzel Washington é a maior e melhor razão para assistir ao novo trabalho do diretor Robert Zemeckis, voltando aos filmes de ação depois de um hiato de 12 anos, em que se dedicou a animações como Os Fantasmas de Scrooge (2009).

Justiça seja feita, além da arrepiante interpretação de Washington, na pele de um piloto de avião competente mas dependente de álcool e drogas, Zemeckis cria uma das mais assustadoras sequências aéreas já vistas na tela, quando mostra o avião pilotado por Whip (Denzel Washington) sob forte turbulência, entrando em descida vertical vertiginosa e sendo dominado pelo piloto com manobras arriscadas, como voar durante algum tempo de cabeça para baixo, para o pânico de todos a bordo.

A ousadia do piloto, que permitiu a retomada do controle da aeronave, com problemas mecânicos, permitiu-lhe aterrisar num campo, com o mínimo de perdas humanas apenas seis dos 102 passageiros morreram. No entanto, a investigação do acidente aponta para álcool e drogas na corrente sanguínea do piloto, transformando-o de herói em crápula e tornando-o passível de uma longa pena na prisão.

Em boa parte do roteiro de John Gatins (indicado ao Oscar de roteiro original), a história se desenvolve de maneira mais criativa do que a média dos dramas do gênero. O retrato do protagonista, especialmente, evita condescendência. Whip é dependente químico, o que destruiu seu casamento e o relacionamento com o filho e agora corre o risco de perder a última coisa que realmente lhe interessa, a profissão.

Uma trama secundária, que coloca o piloto ao lado de uma sobrevivente de overdose de heroína, Nicole (Kelly Reilly), serve particularmente para firmar um perfil realista do protagonista, que resiste a ser salvo com metódico masoquismo, recorrendo para “abastecê-lo” a um amigo, seu fornecedor de substâncias proibidas, Harling (um impagável John Goodman).

É pena que, na sequência final, se desperdice toda a inteligência e ironia acumuladas até então, optando por um fecho pesadamente moralista — que não chega a pôr tudo a perder, mas abala o conjunto do filme.”

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