Euler de França Belém, Revista Bula
O jornal mexicano “El Universal” listou as dez obras de arte que
considera como “as mais polêmicas da história”. Como quaisquer listas,
sempre restritivas, a do veículo da terra do poeta Octavio Paz é
questionável, mas pelo menos alguns dos quadros são mesmo
controvertidos, provocam polêmicas e geram dezenas de livros e
documentários, como é o caso das pinturas do italiano Leonardo Da Vinci,
talvez o maior gênio da história da arte
A última ceia, de Leonardo da Vinci
Leonardo Da Vinci (1452-1519) talvez seja o maior gênio da história
da pintura — era (é), aliás, muito mais do que um pintor. “A última
ceia” mostra “o último encontro de Jesus com seus discípulos”. “El
Universal” afirma que o quadro se tornou legendário e muitos investigam
seus detalhes com o objetivo de revelar algum segredo supostamente
oculto pelo talento de Leonardo. Há livros e documentários sobre o
assunto. Mas o verdadeiro segredo é a qualidade da pintura do artista
italiano ao retratar um tema caro à civilização ocidental.
Mona Lisa, de Leonardo da Vinci
Pergunte a um leigo: qual é a pintura mais famosa de todos os tempos?
Leigos e especialistas vão dizer: “Mona Lisa” (ou Monalisa), do
italiano Leonardo Da Vinci. Por que é apontada como polêmica e
controvertida pelo jornal “El Universal”? Porque permite várias
interpretações e há livros e livros discutindo o assunto, do ponto de
vista artístico e histórico. O jornal mexicano afirma que “supostamente
contém mensagens secretas sobre a vida de Cristo”. A pintura de Leonardo
permanece aberta, tantos anos depois de ter sido feita, o que atesta
sua vitalidade artística. Uma pintura, como “Guernica”, icônica.
Guernica, de Pablo Picasso
Pintado em 1937, “Guernica”, do espanhol Pablo Picasso, diz respeito
ao bombardeido da cidade de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola
(1936-1939). “Sua interpretação é objeto de controvérsia”, nota “El
Universal”. Há livros e livros explicando seus detalhes. É um dos
quadros mais conhecidos do século 20. Costuma-se dizer que é icônico. E,
claro, é a arte como denúncia.
O juízo final, de Michelangelo
O italiano Michelangelo (1475-1564) era um gênio da pintura. E, como
gênio, um rebelde, mesmo num tempo de forte dominância da Igreja
Católica. A pintura “O juízo final” está na parede do altar da Capela
Sistina. Trata-se de uma pintura religiosa? Por certo, sim. Mas há um
quê de laico, por exemplo na nudez. “As figuras nuas e com aparência
torturada foram motivo de disputa entre o cardeal Carafa e
Michelangelo”, diz “El Universal”.
A morte de Marat, de Jacques-Louis David
O quadro “A morte de Marat”, do francês Jacques-Louis David
(1748-1825), consagrou-se por retratar a morte (em 1793) de Jean-Paul
Marat, líder revolucionário da França. “El Universal” diz que “foi uma
obra polêmica durante a Revolução Francesa”, a revolução que, como
Saturno, devorou seus próprios filhos, no dizer do dramaturgo alemão
Georg Büchner. O quadro foi pintado em 1793, em cima da hora.
Jacques-Louis foi amigo do jacobino Robespierre e de Napoleão Bonaparte.
A persistência da memória, de Salvador Dalí
A pintura do espanhol Salvador Dalí (1904-1989) permanece “ativa” em
dezenas de obras pelo mundo afora, porém nem sempre os artistas
reconhecem (ou podem reconhecer) a “angústia da influência”. O quadro “A
persistência da memória” tem “diversos significados e, portanto,
existem várias maneiras de abordá-lo”. Trata-se, segundo “El Universal”,
da “obra mais polêmica do artista mais controverso do mundo da arte”.
Saturno devorando um filho, de Francisco de Goya
“Saturno devorando um filho”, do pintor espanhol Francisco de Goya
(1746-1828), é um dos mais famosos quadros da história da arte. A
pintura mostra, com toda a crueza possível, “Chronos ou Saturno
devorando um de seus filhos” com Rea. Trata-se de um recém-nascido. O
deus mitológico temia que um de seus filhos o destronasse. “El
Universal” avalia a obra como “intensa e controversa”. Na era do
politicamente correto, se Goya não fosse Goya, o quadro poderia até ser
“pichado”.
O jardim das delícias, de Hieronymus Bosch
“O jardim das delícias”, do pintor e gravador holandês Hieronymus
Bosch (1450-1516), teria influenciado o surrealismo. “El Universal”
assinala que a “pintura contém uma grande quantidade de símbolos sobre
os quais são oferecidas várias interpretações. É considerada uma das
obras mais misteriosas e fascinantes da história da arte”.
A origem do mundo, de Gustave Coubert
“A origem do mundo”, do francês Gustave Coubert (1819-1877),
permanece como um dos quadros mais polêmicos e chocantes da história da
arte. “El Universal” diz que se trata de obra “atrevida” e de uma crueza
rara ao expor o sexo feminino. O quadro foi pintado a pedido do
diplomata turco otomano Khalil-Bey, que colecionava imagens eróticas.
Pintado em 1866, chegou a ser adquirido pelo psicanalista francês
Jacques Lacan. A família doou-o ao Estado francês. O quadro, de um
realismo surpreendente, ainda choca o moralismo.
Madame X, de John Singer Sargent
John Singer Sargent, nascido na Itália (1856-1925) e filho de pais
norte-americanos, consagrou-se como pintor de retratos, paisagens e
aquarelas. “‘Madame X’ é um retrato de Virgine Avegno Amélie Gautreau,
uma adúltera francesa do século 19”, relata “El Universal”. Ao pintá-la,
John Singer Sargent provocou polêmica na Europa. A obra está no Museu
Metropolitano de Arte de Manhattan.
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