Inegável apelo na longa jornada de Victor (celso Franco) |
Orlando Margarido,CartaCapital
7 Caixas
Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori
O fato de Victor (Celso Franco) estar sempre em
fuga, ligeiro entre as vielas de um mercado público de Assunção que bem
conhece, faz de 7 Caixas um filme de ação pronto para ser aproximado de outros similares. Pode ser, na apreciação óbvia, um Cidade de Deus,
que como sabemos criou e continua a criar filhotes, mas também no
contexto cultural evocado um retrato de pequenas ambições como já
fizeram Jafar Panahi e outros realizadores iranianos no passado. Cada
qual, claro, em entorno social e aspirações próprias. No caso do
protagonista de 17 anos, o desejo é por um novo modelo de celular, num
momento em que as opções tecnológicas começavam a surgir. Precisa de
dinheiro e se oferece como carregador, seu ofício, para uma carga que
desconhece, estocada nas tais caixas. Mergulha então no submundo e se dá
conta do alto preço a pagar pela escolha.
O filme da dupla Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori é
um dos maiores sucessos recentes do Paraguai, em que pese a produção
modesta do país, e por isso mesmo sua raridade por aqui. Tem apelo
inegável para tanto. Investe numa fórmula mesmo convencional em que um
mau passo leva a uma continuidade de erros sem fim. O que não é de
convenção é que se segure o pique dessa jornada noite adentro até o fim,
como se dá aqui com boas sacadas, irreverência e uma tipologia de
personagens que beira a caricatura, quando não a assume sem vergonha.
Pode-se vislumbrar, claro, um painel de fundo mais crítico a uma
sociedade, mas esse não parece ser o primeiro objetivo dos diretores na
empatia com a plateia."
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