Artista usa 'desenhos imperfeitos' para pregar tolerância nas escolas


Personagens "imperfeitos" criados por uma artista plástica paulista estão sendo usados para pregar tolerância, aceitação e empatia em escolas e instituições públicas e privadas.

Carla Douglass, 31, começou a desenhar aos 15 anos figuras "sempre assimétricas". "Gostava do imperfeito, e não de uma reprodução do real", diz. "Um dia, uma amiga pedagoga pediu que eu fosse conversar sobre arte em uma escola carente da Grande São Paulo. E as crianças me perguntavam: 'Por que um olho do personagem é maior que o outro? Por que o pescoço é comprido?'". Carla percebeu que disso poderia nascer uma discussão sobre a aceitação de imperfeições. "Respondi a eles dizendo que o que é perfeito para um não é para o outro."

Em 2013, o projeto ganhou corpo: Carla montou uma equipe para promover oficinas em escolas e instituições, usando postais com seus desenhos. As crianças são convidadas a desenhar um mundo "mágico" que considerem ideal, mas onde imperfeições sejam exaltadas. "Pedimos que elas não usem a borracha e transformem os 'erros' do desenho em outras coisas que não as que tinham pensado inicialmente", diz a artista.

No ano passado, cerca de 1,2 mil crianças de escolas, ONGs e comunidades carentes participaram do projeto, que obteve dinheiro de financiamento coletivo, patrocínios e agora quer captar fundos via Lei Rouanet.

"A ideia é levar as crianças para um mundo paralelo em que todos são imperfeitos e mostrar que, na verdade, esse mundo é aqui e agora", diz.

Carla diz que o projeto visa à reflexão não apenas sobre a busca pela perfeição física inatingível, mas sobre a empatia nas relações humanas. "Existe uma falta de respeito generalizada, e não somente dentro da escola, mas entre adultos."

Se com as crianças mais novas Carla usa os postais com seus desenhos, com adolescentes a linguagem usada é a do grafite e da arte de rua, "em um bate-papo mais direto sobre aceitação e diversidade".

O projeto inclui também um livro infantil e oficinas com educadores.
Da BBC Brasil








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