Guilherme Souza, Geekness
"O período entre junho e setembro é triste para muitos fãs das séries “blockbusters”(The Flash, Arrow, The Walking Dead, Game of Thrones…).
Praticamente todas as grandes emissoras colocam seus carros-chefe em
hiato, e assim esse público acaba tendo um tempo livre para respirar e
conhecer séries diferentes. Com isso em mente, venho lhes apresentar Mr. Robot, criação com potencial para ser o grande nome desse período, como foi True Detective no ano passado.
A série criada por Sam Esmail estreou na
TV americana (no canal USA) recentemente, no dia 24 de junho, mas antes
passou no festival SXSW (South by Southwest Film Festival), ganhando um prêmio de melhor “filme episódico” por parte da audiência. E isso é muito em conta de sua proposta e reflexo de seu perfil jovem.
A História de Mr. Robot e a fuga de clichés
No início de Mr. Robot, somos apresentados a Elliot Anderson (Rami Malek),
um hacker que trabalha para uma empresa de cibersegurança, ao mesmo
tempo em que usa seus conhecimentos para saber tudo sobre a vida das
pessoas ao seu redor e prender os que fazem algo errado. Isso segue até o
momento em que ele entra para um grupo de ciberativistas — que têm a
intenção de quebrar o sistema capitalista dos EUA, limpando os débitos
de todas as pessoas do país.
Fugindo do esquema heroico que a série poderia seguir,
Mr. Robot mostra um retrato muito mais profundo da geração jovem dos
EUA, focando em apresentar o lado psicológico da trama ao construir um
protagonista realmente perturbado e complexo. Elliot está longe de ser
alguém convencional, sofrendo de depressão e ansiedade social, além de
não ser puramente bom, já que se envolve em diversos tipos de delitos.
Produção diferenciada
Além disso, a série apresenta uma
produção impecável, que mostra uma fotografia nua, sem excesso de
filtros, tornando a aparência de tudo levemente amadora, e combinando
isso com uma direção que nos coloca na visão de Elliot durante boa parte
dos episódios. A 4ª parede é quebrada o tempo todo, com o personagem se
dirigindo diretamente a nós, tornando-nos parte de suas decisões. Nós deixamos a nossa mente para entrar na dele.
Por trás desse visual ainda há um roteiro
que traz ótimos diálogos, especialmente para quem gosta de algo mais
filosófico. A presença, ainda pequena (ao menos até agora), da anarquia
na trama promete se tornar interessante, ainda mais aliada ao conceito
de revolução do mundo que os personagens buscam. Fechando com chave de
ouro, a série parece fugir do velho esquema de tramas semanais e terá
apenas dez episódios, um tempo ótimo para contar uma boa história sem
criar tramas paralelas inúteis para a história geral.
Ainda não sabemos muito da história, já que Mr. Robot
está em seu começo, mas tudo que vimos a transforma em uma ótima pedida
para esse período de escassez de séries. É fácil se identificar com
todos os problemas que as pessoas lá vivem, como débitos com bancos,
empregos que não gostam e a eterna dúvida entre tomar uma
decisão. Segundo um dos personagens, somos um 0 ou um 1, um sim ou não.
Já deixamos a dica de série, qual número você será em relação a ela?"
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