De carreira curta, mas brilhante, Cássia Eller é relembrada em dois CDs inéditos


Do Lado do Avesso, CD que revela um
dos grandes momentos da curta carreira
de Cássia Eller (©reprodução)


 
“Em 29 de dezembro de 2001, com apenas 39 anos, falecia a cantora Cássia Eller. Ela estava no auge da carreira e foi vítima de um infarto do miocárdio, dias antes de ser uma das estrelas principais da festa de réveillon no Rio de Janeiro. 

Recentemente, em 10 de dezembro de 2012, ela teria completado 50 anos. Para lembrar essa importante artista, dois álbuns acabam de lançados – “Do lado do avesso”, que registra (também em DVD) uma das apresentações do show "Luz do solo", em março de 2001 (o encarte poderia informar que o show foi no ATL Hall da Barra da Tijuca, no Rio); e “Relicário”, com as canções que Nando Reis compôs para Cássia Eller cantar.

Cássia sempre foi uma artista do palco, onde, além de se mostrar extremamente visceral, esbanjava uma versatilidade poucas vezes vistass. No mesmo show, ela ia de Caetano Veloso (“Gatas extraordinárias” e “Diamante verdadeiro”, a qual ela erra e recomeça brincando com o fato de ter desejado imitar Maria Bethânia) a Billie Holiday (“You’ve changed”, de Bill Carey e Carl Fischer), Duke Ellington (“I ain’t got nothing but the blues”, parceria com Don George), Joni Mitchell (a doce “Cherokee Louise”) e Beatles (“Eleanor Rigby”, de John Lennon e Paul McCartney), com uma naturalidade absoluta.

Também misturava o Nordeste (“Vila do sossego”, de Zé Ramalho) com o sul do país (“Espaço”, de Vitor Ramil); e o tradicional (de Gilberto Gil, com “Queremos saber”) com o que havia de mais moderno na época, caso do compositor Luiz Capucho, com a linda “Maluca”: “Num dia triste de chuva / Foi minha irmã quem me chamou pra ver / Era um caminhão, era um caminhão / Carregado de botão de rosas / Eu fiquei maluca”

Como não poderia ser diferente, Nando Reis é o compositor mais presente, com as inesquecíveis “Relicário”, “Luz dos olhos” e “All Star”, o tênis preferido de Cássia Eller, como afirma durante o show: “Estranho, mas já me sinto como um velho amigo seu / Seu All Star azul combina com o meu preto de cano alto / Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho o seu endereço? / O tom que eu canto as minhas músicas / Para a tua voz parece exato”.

Renato Russo também aparece com duas canções – “Eu sei” e “1º de julho”. Lamenta-se apenas que neste, que foi um dos últimos shows de sua vida não há composições de Cazuza, a quem dedicou um álbum completo e é o autor de um de seus maiores sucessos, “Malandragem”. Há ainda a raridade de uma canção composta pela própria Cássia Eller - a instrumental "Do lado do avesso".

“All star”, “Relicário” e “Luz dos olhos” também estão presentes no ótimo “Relicário – As canções que o Nando fez pra Cássia cantar”, que conta com outros sucessos como “O segundo sol”, “No recreio”, “E.C.T.” e “Infernal”. Há também um dueto com Gilberto Gil, em "Fiz o que pude"; e a sensacional gravação de "Nenhum Roberto", com João Barone, Bi Ribeiro, Frejat e Nando Reis.

De novidade mesmo, apenas as novas versões de “Um tiro no coração” e “As coisas tão mais lindas” (presente também na versão original), ambas com Nando Reis nos vocais; e a inédita “Baby love”: “Hoje pra você eu vou dar / Mais, mais, vai me comer? / Duas pernas de frente enormes / Tão abertas quentes pra devorar / macio. Cê vai gostar / É muito bom / Love, love, baby mine / Entra aqui pra dentro pra comer seu jantar”.

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