Filipe Ret, a nova voz carioca do rap nacional


Capa do CD Vivaz, que foi lançado
recentemente. Foto: Arquivo Ret.

O rap carioca está bombando e isso é só o começo da história, afirma Filipe Ret, rapper revelação do Rio de Janeiro. Volta e meia está nas chamadas “rodas de rima” [Circuito Carioca de Ritmo e Poesia – CCRP], eventos dos quais participou da construção, que ocorrem todos os dias em todo o Estado fluminense. Com o lema “vamos fazer por nós mesmos”, tem encantado o público jovem com as suas mensagens. São mais de 25 mil seguidores em seu perfil no Facebook, ferramenta que tem ajudado na divulgação do seu trabalho independente. Lançou seu novo CD às vésperas do natal e pouco mais de um mês depois já havia quase 20 mil downloads, e o clipe da sua música Neurótico de Guerra está chegando a meio milhão de views no youtubee já é exibido em canais como a MTV.

Em entrevista ao Fazendo Media, ele conta como se envolveu com o rap e as dificuldades de manter um trabalho com autonomia. Ainda que avesso a rótulo, define a inquietação de suas letras como libertária. Para ele, o artista tem que se posicionar e tem uma função social. Não pensa duas vezes ao criticar os governantes cariocas, a mídia e a influência que a opressão da última ditadura militar deixou na formação cultural do país. A seguir você saberá um pouco mais do que pensa esse novo artista, que acredita na transformação individual das pessoas através da música.
  
Como se deu sua entrada no rap?

Foi na Batalha do Real, meados de 2002. Eu batalhei na época do Marechal, Aori, Shawlin, os caras mais antigos. Era foda, o fervo parecia maior porque era uma novidade muito grande. Foi quando eu comecei a fazer Freestyle... MC tem que começar fazendo freestyle, desenvolver seu flow, participar de batalha pra sentir o drama da parada, a adrenalina do bagulho. Foi uma época fundamental para desenvolver flow, mentalidade, mercado, tudo.

O que inspira os elementos da sua música? Eu sei que você gostava muito de ler filosofia.

É muita filosofia e agressividade né, mano. Eu sou um cara muito agressivo. O que eu passo  é essa filosofia de que a gente tem que ir pra cima. Vamos ganhar a parada, vamos para frente, tá ligado? A galera acaba se identificando. Em relação às referências literárias, é muito Nietzsche, Clarice Lispector, a galera existencialista, Fernando Pessoa e outros. Tive a oportunidade de estudar e ter uma faculdade [jornalismo], professores bons pra caralho, oportunidade de ler muito. Tenho também uma curiosidade muito aguçada, o que é fundamental para um MC.

Depois de rimar eu fiquei muito tempo escrevendo máximas filosóficas, que acabaram virando versos e linhas de peso. A galera se identifica muito, cada linha acaba sendo um soco. A literatura está sempre presente, acho que é fundamental ler e se envolver, conquistar um pensamento esférico  em relação ao mundo, da vida, questionar. Vir inovador para a cena, ter uma parada a mais a dizer. Não surge ninguém novo há muito tempo, tá ligado? Fazer uma parada nova hoje em dia é muito difícil, tem que fazer uma coisa diferente mesmo. Hoje, graças a muito trabalho, a gente recebe pedidos de show até em bailes de comunidade. Funkeiros e pagadoeiros, várias comunidades da Baixada Fluminense, curtem rap, curtem meu som.”
Entrevista Completa, ::AQUI::

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