“Quando a criança precisa caminhar pelo
corredor polonês da ‘Infância Clandestina’ (2011), filme dirigido por Benjamin
Ávila, os brinquedos dão lugar ao esconderijo para que os algozes da última
ditadura argentina (1976-1983) não a capturem.
Flávio Ricardo Vassoler, CartaCapital
Friedrich Nietzsche (1844-1900) certa vez
sentenciou:
− Maturidade do adulto: recuperar a seriedade da criança ao brincar.
Quando a criança precisa caminhar pelo corredor polonês da ‘Infância Clandestina’ (2011), filme dirigido por Benjamin Ávila, os brinquedos dão lugar ao esconderijo para que os algozes da última ditadura argentina (1976-1983) não a capturem.
Eis a sina de Juan, o menino cujo nome passa a ser Ernesto. Seus pais, guerrilheiros revolucionários exilados em Cuba, decidem regressar à Argentina para fazer frente à ditadura. Os montoneros optam pela luta armada.
Que significa a morte de uma galinha para uma plêiade de marmanjos ao redor de uma mesa farta? Nada mais que um prato a ser degustado, certo? Pois o escritor russo Anton Tchékhov (1860-1904) certa vez narrou a morte de uma galinha pelo prisma de uma criança à espreita. A princípio, a ave teimosa insistia em lhe escapar – chegara mesmo a lhe driblar entre as pernas. Qual não foi a surpresa do garotinho quando a angústia o tomou diante da galinha que estrebuchava nas mãos da avó a lhe torcer o pescoço. O animal lhe inspirava pena, mas era preciso matar a galinha para acabar com todo aquele sofrimento. “Vai, vovó, chega, vovó!” Assim que a ave morreu, o garotinho já não sabia o que fazer com os escombros da memória – e da culpa. Enquanto a brincadeira dos adultos sente fome, a maturidade da criança chora ao se aproximar do sentimento do mundo.
Juan tem que transformar Ernesto em sua máscara. A verdade das máscaras: Juan Ernesto. O pré-adolescente vai descobrindo o mundo aos solavancos. Os pais, guerrilheiros carinhosos, tentam mediar seu crescimento, mas não podem prometer que amanhã haverá um novo afago. “E se as forças da repressão nos encontrarem?” Para Juan Ernesto, ser filho é uma completa contingência.”
− Maturidade do adulto: recuperar a seriedade da criança ao brincar.
Quando a criança precisa caminhar pelo corredor polonês da ‘Infância Clandestina’ (2011), filme dirigido por Benjamin Ávila, os brinquedos dão lugar ao esconderijo para que os algozes da última ditadura argentina (1976-1983) não a capturem.
Eis a sina de Juan, o menino cujo nome passa a ser Ernesto. Seus pais, guerrilheiros revolucionários exilados em Cuba, decidem regressar à Argentina para fazer frente à ditadura. Os montoneros optam pela luta armada.
Que significa a morte de uma galinha para uma plêiade de marmanjos ao redor de uma mesa farta? Nada mais que um prato a ser degustado, certo? Pois o escritor russo Anton Tchékhov (1860-1904) certa vez narrou a morte de uma galinha pelo prisma de uma criança à espreita. A princípio, a ave teimosa insistia em lhe escapar – chegara mesmo a lhe driblar entre as pernas. Qual não foi a surpresa do garotinho quando a angústia o tomou diante da galinha que estrebuchava nas mãos da avó a lhe torcer o pescoço. O animal lhe inspirava pena, mas era preciso matar a galinha para acabar com todo aquele sofrimento. “Vai, vovó, chega, vovó!” Assim que a ave morreu, o garotinho já não sabia o que fazer com os escombros da memória – e da culpa. Enquanto a brincadeira dos adultos sente fome, a maturidade da criança chora ao se aproximar do sentimento do mundo.
Juan tem que transformar Ernesto em sua máscara. A verdade das máscaras: Juan Ernesto. O pré-adolescente vai descobrindo o mundo aos solavancos. Os pais, guerrilheiros carinhosos, tentam mediar seu crescimento, mas não podem prometer que amanhã haverá um novo afago. “E se as forças da repressão nos encontrarem?” Para Juan Ernesto, ser filho é uma completa contingência.”
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