Brasil aposta em startups para incentivar clima inovador


Quem vencer a concorrência do Start-Up
Brasil terá que instalar todas as empresas
no Brasil, mesmo que sejam estrangeiras
/ Marcello Casal Jr. / ABr

Até 14 milhões de reais serão injetados na indústria da inovação. País abre espaço para empreendedorismo de oportunidades, diz Ministério da Ciência e Tecnologia

Deustche Welle, CartaCapital

O Brasil decidiu apostar na indústria do conhecimento. O governo federal vai financiar 14 milhões de reais em novas iniciativas de pesquisa, desenvolvimento e inovação por meio do projeto Start-Up Brasil. O objetivo é apoiar empresas emergentes de software, de serviços de tecnologias da inovação e microempreendedores de todo o mundo.
A empreitada repercutiu: até o último dia de inscrições, na sexta-feira 31 de maio, foram registrados cerca de 10 mil downloads. Os interessados vêm de mais de 30 países diferentes, a maioria dos Estados Unidos. Logo atrás estão nações da América Latina, como Chile e Argentina. Segundo dados do Ministério de Ciências, Tecnologia e Inovação, Londres e Berlim são as primeiras da lista entre as cidades europeias.

Segundo o diretor de operações do programa, Felipe Mattos, o Brasil está passando por uma nova etapa empresarial e intelectual. "Nunca houve um número tão alto de profissionais sendo graduados ou pós-graduados. Em comparação com países que estão saindo de uma crise, o Brasil está bem no sentido econômico e acadêmico." E 56% desses jovens profissionais planejam abrir a própria empresa após o término do curso, apontam pesquisas recentes.
Quem vencer a concorrência do Start-Up Brasil – serão 100 projetos selecionados até 2014 – e ganhar o financiamento, terá que cumprir o requisito máximo: todas as empresas terão que ser instaladas no Brasil, mesmo que sejam estrangeiras.

Motivação que vem de quem já está estabelecido

Além da motivação financeira, os jovens empresários terão o apoio de outras microempresas que já conquistaram seu espaço. "Começar nunca é fácil. Mas o interessante é ver que existe espaço para a sua ideia no mercado. 

Começamos testando direto e eu posso dizer: vale a pena", relatou o Gustavo Gorenstein, fundador da startup Poup, em entrevista para a DW Brasil.

Segundo ele, a empresa foi criada há seis meses e já dá lucro. Com uma equipe de quatro integrantes, a Poup adotou o sistema cashback, que devolve porcentagens em dinheiro aos clientes que fazem compras online com parceiras da microempresa. "Para a nossa geração, o mercado está aquecido. Hoje, todos têm a oportunidade de abrir uma empresa."

Já Marcos Roberto Martins, dono da Urbanizo, corretora de imóveis online que já funciona há dois anos, resolveu ser mais cauteloso – o que custou bastante tempo e paciência da equipe. "O começo foi muito difícil. Foram muitas madrugadas em claro, mas os investimentos vieram rápido, porque as parceiras realmente se interessaram pelo nosso projeto", relatou. Segundo ele, as startups se relacionam em um clima mais harmonioso. "Não existe aquela frieza e nem aquela briga ávida pelo poder das grandes empresas. O objetivo é automatizar sem que a empresa cresça demais. Nós somos uma família."

Apoio sem limites

De acordo com Virgílio Almeida, do Ministério de Ciências, Tecnologia e Inovação, os subsídios não se resumem à ajuda financeira inicial. "Se as pequenas empresas escolhidas se mostrarem estáveis no fim do primeiro ano, elas recebem mais 105 milhões de reais das aceleradoras para continuar investindo em seus projetos. Nós queremos fortalecer o ambiente para empresas nascentes de base tecnológica."

O objetivo é aumentar a competitividade das startups na área de tecnologia de informação no Brasil e sustentar este ecossistema ativo. "Nós ainda estamos construindo uma cultura de apoio de investimento neste tipo de empreendimento, a fim de gerar bons negócios e promover o desenvolvimento econômico do país. Estamos deixando de apoiar um empreendedorismo de necessidade para abrir espaço para um empreendedorismo de oportunidades", disse Mattos.”

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