Como ser um perdedor

Davis (Oscar Isaac), em busca de seu quinhão de sonhos / Divulgação
"Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum", mais novo longa dos irmãos Coen e estreia desta sexta, traz o retrato da América das pequenas ambições 

Orlando Margarido, CartaCapital

Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum

Joel e Ethan Coen

No retrato da América das pequenas ambições em que Joel e Ethan Coen se especializaram há o conformismo. Talvez o que difere dos protagonistas anteriores o músico folk de Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum, estreia da sexta 21, seja que a princípio não se conforme com o destino a ele traçado. Embora não abram mão do reconhecido modelo de sátira social, os diretores estão mais propensos aqui a criar conflitos a apagá-los de seus personagens.

Llewyn Davis (Oscar Isaac) é o protótipo do americano que quer seu quinhão de sonhos e promessas na Nova York dos anos 60, período ainda cabível para alguma esperança e ingenuidade. Apenas que Davis está muito maduro para seguir na busca do sucesso, enquanto se apresenta com sua guitarra na noite de bares e clubes de jazz. Mora de favor, conta com a compreensão de amigos, mas com nenhuma paciência da família e da ex-namorada. Esforça-se com esmero na definição de looser, o perdedor, como dizem nos Estados Unidos.

Conforme segue pistas falsas para uma oportunidade, vemos Davis ser sistematicamente rechaçado, e é uma cena inesquecível aquela em que um dono de tradicional casa noturna lhe desvenda a miséria em que está perante os primeiros acordes do show business.

Pode-se, claro, contextualizar a trajetória de Davis no cenário atual de crise do país de Obama. Mas é no registro de caráter pessoal que os Coen têm maior habilidade, e neste caso a opção fez a diferença."

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