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Tony Leung e Zhang Ziyi, força, luta e beleza / Divulgação |
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O Grande Mestre, novo filme do cineasta chinês de Taiwan, é um drama evocado pelas artes marciais
Orlando Margarido, CartaCapital
O Grande Mestre
Wong Kar-Wai
A estética é o primeiro dos recursos a dominar o
espectador nos filmes de Wong Kar-Wai. Seus planos elaborados, para
muitos de forma excessiva, o figurino, os cenários, a beleza dos atores,
a mise-en-scène, tudo é idealizado para fazer cintilar os olhos. Síntese desse processo inicial são Felizes Juntos e Amor à Flor da Pele. Em
seguida vem o amor, um romantismo fora de tempo, e por isso mesmo
envolvente, a sensualidade estudada, e com tais sentimentos a
impossibilidade trágica de concretizá-los. Felicidade e dor convivem
para o chinês de Taiwan, que faz carreira em Hong Kong, e esses matizes
nunca estiveram tão aflorados e impactantes como em O Grande Mestre, seu novo filme em cartaz.
O movimento, talvez inesperado a quem não tenha visto
Cinzas do Tempo, é
que Kar-Wai toma de um dos gêneros épicos mais caros ao cinema do
Oriente para voltar aos seus temas. Um drama evocado pelas artes
marciais pode sugerir um aborrecido
déjà vu, mas o diretor
guarnece-se para cumprir seu intento senão inovador, em muito
apreciável. A começar pela escolha do protagonista, um lendário Ip Man,
ou Yip Kai-man, mestre das lutas que teria sido o mentor de Bruce Lee.
Sua figura, interpretada por Tony Leung, é retomada no contrapé dos
inimigos, do painel histórico da China dos anos 30, nas desilusões de
batalhas, também amorosas, nas quais se embaterá com as habilidades
superlativas de força e beleza de uma jovem vingativa (Zhang Ziyi). Luta
para a vida inteira, que Kar-Wai, imbuído de senhor do próprio tempo,
ralenta quando deseja, como na inesquecível cena de abertura, levada na
chuva, e do confronto na estação de trem."
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