Robert De Niro em cena de “Taxi Driver” de Martin Scorsese |
"Martin Scorsese é o diretor de cinema em atividade mais influente de Hollywood. Não só pelo seu talento e pela qualidade de seus filmes – mas porquê, além de diretor, produtor e ator, Scorsese é historiador do cinema e um dos mais bem-sucedidos pesquisadores da arte.
Mas nada, obviamente, é tão relevante quanto a sua própria obra. Amplamente reconhecido por todas as grandes as premiações internacionais, Scorsese era ignorado pelo Oscar (como todo grande diretor deve ser, ao menos por algum período) até pouco tempo atrás – ganhou seu primeiro como diretor em 2007 com “Os Infiltrados”.
Martin nasceu em 1942 numa família simples da cidade de Nova Iorque. Seu pai passava roupas e sua mãe costurava. Os dois eram atores amadores e católicos fervorosos.
Na infância, Martin sofreu de bronquite severa a ponto de impedí-lo de fazer esportes ou qualquer outra atividade que envolvesse muito uso do aparelho respiratório. Como ele não podia fazer grande parte das atividades com as outras crianças, seu irmão mais velho costumava levá-lo para o cinema.
Já nesse período, Martin se encantou pelo cinema. Segundo uma entrevista que ele deu anos depois para a revista Life, um filme em especial marcou o crescimento de seu interesse pelo cinema: “Narciso Negro” (1947) dos cineastas britânicos Michael Powell e Emeric Pressburger.
Durante a adolescência, Martin se interessou por diversos gêneros cinematográficos, como documentários, épicos históricos, cinema neo-realista, nouvelle vague. Mas até então, era na condição de cinéfilo – suas intenções eram de se tornar padre, sob forte influência da mãe, do pai e da escola católica onde estudava.
Ao acabar o equivalente ao ensino médio brasileiro, no entanto, ele preferiu estudar algo menos radical (línguas) na NYU (Universidade de Nova Iorque). Aí então, em 1966, decidiu de vez que preferiria o cinema ao clero, e entrou numa pós-graduação em cinema na recém-inaugurada escola de arte da universidade.
Enquanto estudava, Scorsese fez dezenas de curtas-metragens até chegar ao seu primeiro longa, filmado em 1967, “Quem Bate À Minha Porta?”.
Nessa época, Scorsese ficou amigo de diretores que estavam se tornando mais e mais influentes em Hollywood durante a sua primeira grande renovação. Eram alguns deles Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, George Lucas, entre outros. Isso o levou a trabalhar no filme “Woodstock” (1970), mostrando seu talento e potencial a John Cassavetes, que o ajudaria a lançar seu primeiro filme com distribuição internacional, “Caminhos Perigosos”, de 1973 – um sucesso de crítica, mas ainda não tanto de público quanto se poderia desejar.
“Taxi Driver”, de 1976, foi seu primeiro grande sucesso internacional. História de um psicótico, o filme foi acusado posteriormente de inspirar uma tentativa de assassinato ao presidente americano Ronald Reagan em 1981.
Scorsese posteriormente lançou hits como “New York, New York”, “The Last Waltz”, “Touro Indomável”, misturando referências e gêneros cinematográficos. Após um período de filmes fracos nos anos 80, e sendo acusado de ter se vendido ao cinema comercial, Scorsese fez um filme que faria história: “A Última Tentação de Cristo”, lançado em 1988, baseado no romance de Nikos Kazantzakis que contava a história de Jesos Cristo como ser humano e não como divindade.
O filme gerou uma série de protestos, como o livro havia gerado, mas isso deu novo fôlego à carreira de Scorsese.
Os anos 90 ainda tiveram suas instabilidades: teve grandes sucessos como “Os Bons Companheiros” e “Kundun”, tanto quanto fracassos comerciais como “A Época da Inocência” e “Cassino”.
Mesmo assim, o período foi importante para estabelecer o diretor como um dos melhores de Hollywood. Assim, com cada vez mais prestígio e podendo escolher os projetos que lhe interessavam mais, Scorsese entrou na sua fase que, se não foi a melhor, é a mais estável – a pós “Gangues de Nova Iorque”.
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Nesse período, ele produziu “O Aviador”, “Os Infiltrados”, “A Ilha do Medo”, “A Invenção de Hugo Cabret” e “O Lobo de Wall Street”. No meio tempo, não deixou de fazer documentários musicais como o que fizera com o The Band nos anos 70: produziu “Shine a Light” com os Rolling Stones, “No Direction Home” com Bob Dylan e “Living In The Material World” sobre George Harrison.
É possível que Martin Scorsese seja o menos gênio nato entre os maiores cineastas da história, embora não haja dúvida que tenha talento. Mas ele é a prova de que esforço e escolhas certas são fundamentais para desenvolver uma carreira e uma obra.
Vida longa a Martin Scorsese.
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