Mick Jagger está redefinindo a velhice


O coroa cantor dos Rolling Stones, que dizia não se imaginar cantando Satisfaction aos 45, é a prova de que os 70 são os novos 17.


“Eu sou uma múmia, com todos os achaques das múmias”, dizia Nelson Rodrigues. No tempo de Nelson, e não faz tanto tempo assim, velhos era velhos. Andavam de bengala, levavam o dinheiro em capangas e tinham cobertores nas pernas.

Mick Jagger acabou de fazer 70 anos. Corre o palco inteiro nos shows — e canta enquanto isso. Fez três shows de duas horas em uma semana em Londres.

Ele já declarou algumas vezes que não se imaginava tocando Satisfaction aos 45. “Que droga é envelhecer”, diz a letra de Mother’s Little Helper. Pertence a uma geração que via pessoas com mais de 30 com desconfiança e animosidade. Em My Generation, Roger Daltrey, do Who, cravou que preferia morrer antes de ficar velho. Há duas semanas, assisti ao Who com meu irmão Paulo, meu filho Davi e minha sobrinha Camila — e Daltrey, aos 69 anos, alcançou cada um dos agudos do disco Quadrophenia. Cada um. Girando o microfone, como de hábito.

Chico Buarque e Caetano Veloso continuam produzindo. Chico caminha no Rio de Janeiro, escreve seus livros e joga bola. Caetano tem uma coluna no Globo e fala. Ninguém menciona aposentadoria. Estão fortes e ativos. 

Aparentemente, aprenderam com os que tombaram em combate (e não foram poucos). Abusaram de um estilo de vida hedonista. Hoje se cuidam.

Jagger não fez plástica. Sua face tem a aparência do clássico maracujá de gaveta. Faz balé, ioga e meditação. Come de maneira espartana. Parou de fumar. Bebe vinho, mas pouco. Tem uma namorada algumas décadas mais nova. Deve  ter alguns apliques na cabeleira (Keith Richards esconde bem a careca no alto da cabeça).

Existe ali uma negação da velhice. Se você quiser ser maldoso, ele é um eterno adolescente. Mas por que isso seria ruim? Não é coerente com o que sua geração pregava nos anos 60? Ou eles deveriam se mudar para a Flórida e usar a grana em viagens de cruzeiro?

De antiexemplo, de adepto de um estilo de vida desregrado e autodestrutivo, Mick Jagger tornou-se o tiozinho sarado que você quer ser quando crescer. Sim, ele é favorecido pela genética e nem todo mundo chegará assim aos 60, 70 ou 80. Alguns não chegarão de jeito nenhum. Talvez parte do segredo seja, simplesmente, fazer o que se gosta. E tomar chá.

Jagger é a prova de que os 70 são os novos 17. Com um bom convênio médico, mas são.”

4 comentários:

Anônimo disse...

Essa qualidade de vida que Jagger tem explica-se muito mais pela genética do que pelas atitudes. Eu, por exemplo, tenho 43 anos, sempre fiz musculação, sempre cuidei de minha alimentação, nunca usei drogas, nem álcool e nem fumo. Resultado? artrose de quadril e pressão alta. Então, no meu caso, por exemplo, tudo que fiz foi em vão, porque a genética não me ajudou. Tenho 43 mas aparento 75. Abraço.

Anônimo disse...

Meu Caro! Não se sinta desanimado por comparar sua vida com a de Mick Jagger! Ele não tem comparação. Na minha opinião, Mick Jagger ou é um ET ou é um Ciborg Bissexual do Futuro! Imune a todas as doenças venéreas e dotado de uma capacidade de reprodução que daria inveja até a um Coelho! Um coelho rico, é claro! Porque para pagar pensão de toda a prole gerada, só sendo integrante de uma banda de rock famosa no mundo todo! O que o dinheiro não compra, ao menos, financia.

Anônimo disse...

Realmente um milagre alguém que abusou do corpo de todas as formas (drogas, sexo, alimentação etc...), chegar aos 70 com toda esta saúde e disposição. Um sortudo!!! Vamos lembrar do Elvis e Michael Jackson (e tantos outros)que não tiveram esta sorte toda.

Sergio Alexandre disse...

Putz, me senti mal com o comentário do primeiro Anônimo... kkkk