Isabela Vieira, Agência Brasil
"As mulheres negras* não estão nas telas de cinema, nem atrás das
câmeras. Pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj)
mostra que pretas e pardas não figuraram nos filmes nacionais de maior
bilheteria. Apesar de ser a maior parte da população feminina do país
(51,7%), as negras apareceram em menos de dois a cada dez longas
metragem entre os anos de 2002 e 2012. Além disso, atrizes pretas e
pardas representaram apenas 4,4% do elenco principal de filmes
nacionais. Nesse período, nenhum dos mais de 218 filmes nacionais de
maior bilheteria teve uma mulher negra na direção ou como roteirista.
Coordenada pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da
Uerj, um dos mais renomados centros de estudos de ciência política na
América Latina, a pesquisa
A Cara do Cinema Nacionalsugere que
as produções para as telonas não refletem a realidade do país, uma vez
que 53% dos brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O prejuízo, na
avaliação das autoras do estudo, é a influência de determinados valores
sobre a audiência.
“Pelos dados, a população brasileira é diversa, mas essa diversidade
não se transpõe para ambientes de poder e com maior visibilidade”, disse
uma das autoras, a mestranda Marcia Rangel Candido. Ela acrescenta que,
além da “total exclusão” nos cargos técnicos, a representação no elenco
está limitada a estereótipos associadas à pobreza e à criminalidade.
“As mulheres brancas exercem vários tipo de emprego, são de várias
classes sociais, a diversidade é maior”, destaca.